O ceticismo filosófico, de André Verdan
Tradução de Jaimir Conte Florianópolis: Editora da UFSC, 1998, 135 páginas.
ISBN: 8532801390
ISBN-13: 9788532801395
[Título original: Le Scepticisme Philosophique, Paris: Bordas, 1972].
O ceticismo tem sido um dos principais problemas epistemológicos de todos os tempos. De modo geral, entende-se por ceticismo toda forma dubitativa de argumentação, como, por exemplo, colocar em dúvida nossas crenças comuns, ou então os resultados obtidos pelas investigações científicas. Às vezes, investigações mais criteriosas, como as que encontramos na ciência moderna, revelam erros do passado, na própria ciência ou na vida comum. Isso nos faz suspeitar que outras de nossas certezas possam ser abaladas, e estamos a um passo de um tipo de ceticismo, que é aquele concebido por Descartes em suas Meditações. Para este autor, uma teoria do conhecimento seria o meio para nos mostrar o caminho seguro a seguir em investigações bem sucedidas. Contudo, uma teoria do conhecimento deve se basear em noções sobre a capacidade cognitiva humana, e sobre isso também podemos errar. Assim, o que nos livraria do ceticismo – a própria teoria do conhecimento – pode estar sob suspeição cética. O ceticismo é visto, então, por alguns autores como um desafio insuperável. Essa forma de compreender o problema é marcada pela abordagem dos filósofos modernos ao problema do conhecimento, e um exame das doutrinas céticas mais antigas – já encontradas entre os gregos a partir de Pirro de Élis (séc. IV a.C.), entre elas o pirronismo esposado por Sexto Empírico (séc. II d.C.) – nos mostra que o ceticismo não é apenas um obstáculo ao conhecimento, mas que ele pode também ser encarado como a explicação da possibilidade de um determinado tipo de conhecimento, embora este seja, com certeza, mais modesto que o que visam nossas pretensões cognitivas ordinárias. É exatamente este exame histórico das doutrinas céticas que torna o presente livro útil, como uma primeira introdução aos interessados no tema. Publicado originalmente em francês, em 1971, só agora ele ganha uma tradução em português, no trabalho cuidadoso de Jaimir Conte. Temos aqui um bom começo para aqueles que desejam se inteirar sobre essas discussões, sua origem, e as principais contribuições que o tema recebeu ao longo dos séculos. Apresentação: Luiz Henrique de A. Dutra, Departamento de Filosofia/UFSC.
André Verdan (1933-2000) – Pharos N.8, Claude Emery