A influência de Berkeley na filosofia americana

 A influência de Berkeley na filosofia americana

Richard H. Popkin*

Tradução: Jaimir Conte

Nenhuma figura na história da filosofia europeia teve uma influência mais direta e duradoura no pensamento americano do que George Berkeley; primeiro através de sua viagem à América, quando concedeu pessoalmente às jovens colônias o benefício de sua sábia assistência e, mais tarde, através de suas realizações filosóficas. Desde sua chegada em 1729 até os dias atuais, Berkeley teve uma grande e contínua influência no pensamento americano, uma influência cujas formas como variou refletem a ascensão da América da infância até a maturidade filosófica – até o cumprimento da profecia que Berkeley previu em seu poema sobre a América.

Em sua chegada, Berkeley encontrou nas colônias da Nova Inglaterra o primeiro solo fértil para sua visão idealista. Enquanto a Europa o ridicularizava como um tolo bem-intencionado, um louco, um rematado cético e, até pior do que isso, na América Berkeley encontrou uma audiência simpática e talvez seu primeiro e mais ilustre discípulo – o americano Dr. Samuel Johnson, futuro presidente do King’s College, agora Universidade Columbia. As razões para a recepção inicial das opiniões de Berkeley na América, acredito, derivam de dois fatores. O primeiro é a grande honra que ele concedeu às jovens colônias por ser o primeiro visitante intelectual importante. Não há dúvida de que a visita deu grande prestígio a uma teoria que de outra forma teria sido pouco conhecida ou compreendida pelos acadêmicos das colônias. Os donativos deixados por Berkeley às jovens faculdades estabeleceram um vínculo entre ele e aqueles interessados em questões intelectuais.1 Mas mais do que o contato pessoal e a ajuda dada por Berkeley, o clima intelectual era tal que tornava as ideias de Berkeley mais facilmente aceitáveis.

Esta declaração pode parecer um pouco incrível em vista das condições predominantes na época. As teorias altamente sofisticadas de um clérigo anglicano podem parecer fora de lugar nas colônias americanas rudes e instáveis, dominadas intelectualmente pelo puritanismo calvinista, interessadas em problemas mais urgentes relacionados aos índios e ao solo do que em saber se a “matéria” existe. Tocqueville observou no século XIX “que em nenhum país do mundo civilizado se presta menos atenção à filosofia do que nos Estados Unidos. Os americanos não têm escolas filosóficas próprias e se importam muito pouco com todas as escolas nas quais a Europa está dividida, cujos nomes são mal conhecidos por eles.”2 Se isso era verdade em 1835, era ainda mais verdadeiro quando Berkeley chegou.

As ideias de Berkeley aparentemente eram desconhecidas até pouco antes de sua chegada. Samuel Johnson leu os Princípios pouco antes da visita do autor. O próprio contexto dos problemas que a obra apresentava provavelmente era desconhecido até a chegada da coleção de livros de Dummer em 1714. Johnson, na época tutor de uma pequena faculdade que viria a se tonar a Universidade de Yale, conhecia as ideias de Isaac Newton e John Locke. Diante desta imensa visão do mundo, ele não conseguiu manter sua simples fé calvinista e deixou a faculdade para se tornar um ministro anglicano. Ele estava procurando uma base para a religião compatível com a “nova ciência”.3 Seu aluno, o grande metafísico e teólogo Jonathan Edwards, uma das poucas mentes metafísicas originais produzidas na América, também estava lutando, com muito mais discernimento, para justificar o calvinismo dentro do mundo de Newton e Locke. Embora Edwards – que mais tarde se tornaria o líder do calvinismo ortodoxo no Grande Despertar, incendiando os corações pecaminosos com seus sermões gloriosos e finalmente se tornando o presidente da Faculdade de Nova Jersey, agora a Universidade de Princeton – provavelmente nunca tenha lido Berkeley quando jovem, ele desenvolveu uma visão imaterialista semelhante à do Bispo de Cloyne. Edwards, com a idade precoce de 16 ou 17 anos, desenvolveu um novo idealismo para superar o idealismo platônico anterior da herança agostiniana do calvinismo da Nova Inglaterra. Ele pode ter colhido sugestões de Malebranche, dos platonistas de Cambridge ou de John Norris. Em suas Notes on the Mind, Edwards observou que “toda existência material é apenas ideia” e que coisas presentemente não observadas existem “conforme sejam supostas por Deus”. Edwards estabeleceu um imaterialismo abrangente nesta obra, na qual toda a ordem da Natureza é vista como uma sucessão de ideias reguladas na Mente Divina. Nossos órgãos sensoriais são ideias, conectadas com seus objetos, outras ideias, por uma regularidade estabelecida por Deus. Pode-se encontrar muitos paralelos impressionantes entre as ideias do jovem Jonathan Edwards em busca de uma base racional para seu calvinismo no mundo da “nova ciência” e a elegante teoria de Berkeley concebida para responder ao ceticismo e à infidelidade da época e evitar as perigosas implicações do lockeanismo, do newtoniasmo e do malebranchismo.4 O que é principalmente pertinente a este artigo é que a tentativa de Edward de propor uma teoria imaterialista antes da chegada de Berkeley e sua posterior defesa da mesma como resposta ao arminianismo mostram que havia um terreno fértil nas colônias da Nova Inglaterra para as opiniões de Berkeley. Essa filosofia poderia chocar os europeus, mas não os combativos teólogos da Nova Inglaterra.

Pouco depois da chegada de Berkeley, Samuel Johnson relatou que havia grande interesse na teoria do imaterialismo. Em 10 de setembro de 1729, Johnson escreveu a Berkeley: “sou da opinião de que essa forma de pensar não pode deixar de prevalecer no mundo, porque é provável que prevaleça muito entre nós nesta região, uma vez que vários homens engenhosos aderiram totalmente a ela.”5 Depois que Berkeley enviou a Johnson algumas respostas a dificuldades que haviam sido levantadas e instou Johnson a estudar cuidadosamente os textos de Berkeley, Johnson respondeu que não teve oportunidade de estudar os livros porque amigos os mantinham emprestados; um homem em Nova York tinha a Nova Teoria da Visão, alguém em Long Island tinha os Diálogos. “Mas estou mais contente por não tê-los, porque sei que estão fazendo o bem.”6

Quando Berkeley abandonou toda a esperança de fundar uma faculdade no Novo Mundo, sua filosofia já estava bem estabelecida nas colônias. Muitas pessoas a haviam lido com interesse, e Johnson estava pronto para defendê-la e propagá-la por toda a América. A generosidade de Berkeley para com as jovens colônias, especialmente suas recém-fundadas escolas de ensino superior, fez com que ele ganhasse muitos amigos (embora Johnson relatasse de tempos em tempos a atitude escandalosa do College of New Haven em relação ao anglicanismo de Berkeley, enquanto usavam seus donativos). Johnson não foi o melhor dos discípulos; ele trabalhou muito em sua tarefa e teve sucesso, especialmente por meio de seus livros didáticos, em fazer com que a filosofia de Berkeley fosse a visão ensinada em algumas das faculdades. Mas Johnson não tinha o discernimento necessário para dominar as visões que estava defendendo e argumentar a seu favor. Além disso, seus interesses se voltavam para as controvérsias teológicas em vigor na Nova Inglaterra e, portanto, ele sempre considerava o imaterialismo de Berkeley em termos de como se relacionava com as lutas entre os arminianos e os calvinistas. Johnson também queria preservar um mundo real e permanente do qual as nossas ideias não fizessem parte, assim como o Espaço Absoluto de Newton. Ele defendia a doutrina dos espíritos de Berkeley, mas temia que ela levasse a visões perigosas na controvérsia do livre-arbítrio. Para evitar as muitas armadilhas e obstáculos envolvidos, Johnson teve que lutar para rever os pontos de vistas de seu mentor. Como resultado, o imaterialismo johnsoniano, como apontado pelo professor Schneider, “pretendia ser fiel ao de Berkeley; mas a herança puritana era tão forte em Johnson que seu imaterialismo combinava superficialmente seu antigo platonismo e seu novo anglicanismo”.7 Embora Johnson tenha tentado tornar o berkelianismo a visão oficial ensinada nas faculdades e tenha se esforçado para fazer das faculdades a imagem viva do projeto acadêmico de Berkeley, ele não foi capaz de apresentar nem defender um imaterialismo consistente. E, embora o berkelianismo tenha momentaneamente predominado como a visão privilegiada dos cursos de filosofia, ele logo sucumbiu ao primeiro ataque.

Apesar de todos os esforços de Johnson, o berkelianismo na forma como ele o apresentou não estava destinado a sobreviver. A influência duradoura de Berkeley não seria na forma de repetição escolástica de suas doutrinas, nem em seu uso nas moribundas controvérsias teológicas da época. Outras influências filosóficas estavam chegando às colônias, e os aspectos vitais do berkelianismo teriam que competir com elas por intermédio de filósofos capazes de se ajustar à adolescência do pensamento americano e não à sua infância.

A segunda fase da influência de Berkeley foi negativa, na qual Berkeley teve que ser refutado; Johnson teve que ser desacreditado para que outras teorias pudessem abrir seu caminho. O impacto da ascensão da ciência se opôs a Berkeley e Johnson por meio dos escritos de Cadwallader Colden, um homem treinado em ciências na Europa. Sem dúvida, ele chocou o Dr. Johnson ao escrever-lhe depois de ler o De Motu, “Acho que o Doutor [Berkeley] fez a maior compilação, nesta e em outras de suas obras, de concepções indistintas e não digeridas dos escritos tanto dos antigos quanto dos modernos que jamais encontrei nas obras de qualquer homem”.8 Ele também acusou Berkeley de não entender matemática.9 Em filosofia, Colden argumentou que se a matéria fosse considerada como inerte e passiva, ou seja, como realmente não fazendo nada, então a afirmação de Berkeley de que ela era incognoscível era irrespondível. Se a matéria existe, deve ter algum poder, pelo menos o poder de excitar impressões em nós. E assim Colden desenvolveu sua teoria de que a matéria, assim como o espírito, é ativa e tem poder.10 Johnson tentou convencer Colden de que uma matéria ativa não era necessária para explicar o mundo, que tudo poderia ser explicado apenas pela atividade dos espíritos, e que o poder em um corpo não inteligente era contrário ao bom senso e à religião.11 Colden persistiu em suas teorias científicas e sua fé de que a ciência exigia a matéria. Ele só podia dizer a Johnson que, “um de nós deve estar cometendo um grande erro.”12 A falta de conhecimento científico de Johnson o tornou incapaz de defender seu mentor diante desse ataque.

O ataque mais influente a Berkeley veio dos professores religiosos conservadores, que estavam preocupados com o impacto do deísmo e da irreligião. Diante de ideias como as de Tom Paine e Ethan Allen, eles buscaram uma teoria que pudesse salvar a ortodoxia e encontraram essa visão na rejeição escocesa de Hume – o realismo do senso comum de Thomas Reid. E aqui encontraram um novo Berkeley, não o sábio e admirável filantropo retratado por Johnson, mas um tolo amável, que tentou salvar a religião, mas em vez disso conseguiu abrir as comportas para o perigoso ceticismo de Hume. Berkeley não era mais o defensor do imaterialismo, ele se tornou o precursor de Hume. Como muitos outros, ele sofreu o destino de ser simplificado nas engrenagens das reviravoltas da história, uma etapa curiosa no caminho de Locke a Hume. Este novo Berkeley precisava ser erradicado e exposto pelo que era. O controle das jovens faculdades americanas precisava ser retirado de seus seguidores para que a ortodoxia pudesse ser protegida pelo realismo escocês.

A batalha principal foi travada em Princeton, onde “a teoria fantasiosa do Bispo Berkeley, como uma espécie de devaneio filosófico, havia mantido sua prevalência por um tempo”.13 Começando com John Witherspoon – um clérigo escocês que veio para a América em 1768 – e seu genro, Samuel Stanhope Smith, a quem Witherspoon teve que afastar da influência de Berkeley, as faculdades americanas foram levadas “das especulações nebulosas do imaterialismo para a clara luz do senso comum”.14 Witherspoon e Smith refutaram e desprezaram o sistema imaterial, “uma tentativa desvairada e ridícula de desestabilizar os princípios do senso comum por meio de raciocínios metafísicos”.15 A refutação de Reid a Berkeley se tornou uma parte padrão do repertório filosófico americano, às vezes apresentada de forma educada, como em Samuel Miller, e outras ocasiões num estilo mais estridente, como o oferecido por um realista escocês renegado, Frederick Beasley, que, após insultar Berkeley por várias páginas exclamou: “quando a filosofia deixará de se desonrar com tolices e absurdos?”16

A última fase do realismo escocês americano no século XIX foi mais refinada e tolerante em sua rejeição a Berkeley. Francis Bowen, de Harvard, e James McCosh, de Princeton, ofereceram críticas mitigadas por influências kantianas e hamiltonianas, bem como por uma maior apreciação das contribuições da filosofia empírica britânica. Ambos admiravam o espírito religioso e as habilidades críticas de Berkeley, mas, no final, sentiam que Reid e Hamilton haviam encontrado a forma de responder aos problemas levantados por Berkeley.17

Em meados do século XIX, começaram a surgir tentativas de desenvolver uma filosofia americana nova e mais original fora dos estreitos limites do realismo escocês. Uma era de esforço filosófico genuíno estava prestes a ocorrer, na qual uma tentativa de expressar uma filosofia adequada ao ambiente e aos ideais do país seria feita. E aqui, um novo e mais cuidadoso estudo de Berkeley desempenharia um papel vital. Emerson e outros transcendentalistas podem ter obtido alguns insights de Berkeley.18 Ele se tornaria uma fonte de inspiração para novas teorias e novos métodos, como o pragmatismo e o idealismo.

Uma das indicações mais interessantes do novo papel que Berkeley desempenharia pode ser encontrada nos comentários desse estranho teólogo americano, o velho Henry James, pai de William e Henry James. O Berkeley discutido por James era radicalmente diferente daquele dos realistas escoceses. James compreendeu, talvez como ninguém antes dele na América, o que Berkeley queria dizer com sua negação do substratum material e sua insistência na realidade do mundo sensível, ou seja, que a fenomenalidade do mundo dos sentidos era sua própria natureza, que o mundo dos sentidos existia, mas não tinha uma natureza suprassensível. A partir disso, James passou a imprimir sua própria marca de idealismo, afirmando que o mundo material existe apenas como fenômeno na mente humana, que “a natureza está envolvida na subjetividade própria do homem”, e que cada parte da natureza “está contida no homem, e extrai seu alimento apenas do seio de seu grande destino.”19

Nos anos seguintes à Guerra Civil, dois tipos de filosofia floresceram nos Estados Unidos – o pragmatismo e o idealismo. À medida que o primeiro se desenvolvia e se tornava mais popular, seu principal porta-voz, William James, tentava explicar seus primórdios históricos. O método pragmático, disse ele, foi introduzido pela primeira vez por Locke, Berkeley e Hume, “que por primeiro introduziram o costume de interpretar o significado das concepções perguntando que diferença elas fazem para a vida”.20 James atribuiu o renascimento ou renovação desse método ao brilhante e então pouco conhecido filósofo Charles Sanders Peirce.21 Ao discutir essa atribuição, Peirce escreveu a James, “Berkeley, em geral, tem mais direito de ser considerado o introdutor do pragmatismo na filosofia do que qualquer outro homem, embora eu tenha sido mais explícito ao enunciá-lo.”22

No surgimento do pragmatismo americano nos escritos de Peirce e James, podemos ver tanto o papel vital desempenhado por Berkeley, quanto como ele não apenas inspirou o método pragmático, mas também levou Peirce e James a suas próprias visões peculiares por meio de suas reações a ele. O Clube Metafísico em Cambridge, Massachusetts, ao qual Peirce e James pertenciam, estava debatendo vários problemas epistemológicos relacionados à ciência moderna. A maioria dos membros estava insatisfeita com as teorias realistas escocesas, e um tanto duvidosa em relação à alternativa do empirismo britânico. Em 1871, alguns dos frutos dessas discussões apareceram na resenha de Peirce da edição de Fraser das obras de Berkeley, um dos primeiros trabalhos de Peirce.23

Nessa resenha, Peirce pela primeira vez propôs publicamente seu teste, que se tornaria o método pragmático. Peirce considerava que o teste, um procedimento para determinar se algo existe ou não, era a parte mais frutífera da obra de Berkeley (e “não a água de alcatrão que dava saúde e força às obras anteriores de Berkeley”),24 e esclareceria muitos problemas científicos e filosóficos. Como foi proposto nos escritos de Berkeley, o teste consistia em “ver” se uma ideia de uma entidade em particular poderia de fato ser formada. Caso contrário, então o objeto não existia. Peirce sugeriu que o teste fosse formulado em termos da pergunta: “As coisas cumprem a mesma função na prática?” Se cumprem, então são a mesma coisa.25 Em termos da análise berkeliana da matéria, a sequência de experiências sensoriais tem a mesma função que a matéria e, portanto, o conceito “matéria” é o mesmo que a sequência de experiências que temos. Em um artigo posterior, Peirce afirmou que o teste, como a tese de que o significado de um conceito envolve, nosso reconhecimento do conceito e os hábitos gerais de conduta que o desenvolvimento razoável de uma crença na verdade desse conceito produziria.26 Ao comentar sobre esse procedimento metodológico, que desempenharia um papel tão importante na revolução da filosofia americana, Peirce disse que era “o método não formulado seguido por Berkeley” que ele começou a defender pela primeira vez no Clube Metafísico em 1871 e desenvolveu em artigos posteriores.27

Por outro lado, Peirce descobriu, ao revisar as obras de Berkeley, que o nominalismo nelas contido era inaceitável e precisava ser substituído pelo realismo medieval de Duns Scotus. Peirce insistia que a ciência moderna não poderia ser justificada com base em princípios nominalistas e, portanto, tampouco com base no berkelianismo. Para revelar a razão do abandono do caminho defendido por Berkeley, Peirce voltou ao problema medieval da realidade do conhecimento humano antes de lidar com as visões do Bispo de Cloyne. A questão é quais elementos são independentes do que pensamos, ou seja, não são afetados pelo que ou como pensamos. Esses elementos constituem a realidade. Segundo Peirce, o nominalista vê esses elementos como estando fora do pensamento humano, algo para o qual o pensamento é acidental. Para o realista, esses elementos objetivos estão dentro do pensamento, são as características em relação às quais a opinião humana tende universalmente a longo prazo, os universais que o conhecimento científico está tentando alcançar. Após analisar a estrutura nominalista do pensamento de Berkeley, Peirce concluiu que a maneira de justificar suas inclinações realistas não era discutir com Berkeley, mas examinar a estrutura da lógica, da matemática e os procedimentos da ciência. Ver-se-ia então a necessidade de basear o empreendimento científico em um realismo “pragmático” como o de Peirce, em vez do nominalismo de Berkeley ou Mill. E assim, a partir de sua resenha de Berkeley, Peirce desenvolveu seu próprio tipo de realismo.28

William James teve uma reação semelhante em relação a Berkeley. Em metodologia, Berkeley foi um de seus mestres, mas as teorias de Berkeley eram inadequadas e tiveram que ser substituídas pelo “Empirismo Radical” de James. O estudo de Locke, Berkeley e Hume ensinou a James o valor da análise pragmática. A análise de Berkeley sobre a matéria foi, para James, uma das melhores ilustrações dos frutos desse método, de como um problema filosófico poderia ser resolvido ao descobrir o “valor real” de uma ideia.29 Mas o que faltava a Berkeley era a coragem para levar seu método à conclusão adequada. “Nem Locke nem Berkeley pensaram em sua verdade com uma clareza perfeita, mas parece-me que a concepção que estou defendendo não faz muito mais do que levar a cabo de maneira consistente o método ‘pragmático’ que eles foram os primeiros a empregar.”30 Após um estudo detalhado de Berkeley e Hume, que culminou em 1883-4 no curso de filosofia inglesa de James em Harvard, ele concluiu que a tentativa de seus predecessores britânicos de analisar ideias em termos de experiências tinha sido abandonada cedo demais, e por isso acabaram no idealismo e no solipsismo. O ‘Empirismo radical’ pretendia corrigir o trabalho de Berkeley e Hume, mantendo que o uso sistemático do método pragmático revela duas correções às visões empíricas anteriores: que aprendemos da experiência de forma ativa e não passiva, e que as relações são experimentadas diretamente assim como as qualidades. Em ambos os pontos, James sentia que Berkeley e Hume haviam falsificado os fatos. James desenvolveu sua própria filosofia ao desenvolver sistematicamente a teoria da criatividade e atividade da mente no conhecimento, e da natureza das relações como características da experiência, dos conceitos como formas de agir. O empirismo tradicional, insistiu James, atomiza a experiência e torna a explicação do pensamento construtivo muito difícil. Ao negar o papel ativo da mente e a existência de relações experimentadas, o empirismo leva ao idealismo e ao trans-empirismo como as únicas formas de unir a experiência. As correções de James ao empirismo o levaram a uma forma de naturalismo em que o conhecimento se tornou um processo e a experiência o “estofo” do universo. Assim, começando com o método de Berkeley, James avançou para uma nova filosofia, superando as limitações que ele viu no berkelianismo.31

Assim, ambos os fundadores do pragmatismo americano, Peirce e James, encontraram em Berkeley um método para filosofar e certas dificuldades a serem superadas. No final, através de suas críticas a Berkeley, eles desenvolveram suas próprias visões.

Quando olhamos para o idealismo americano, Berkeley naturalmente foi uma das influências significativas. Embora o idealismo na América tenha se originado principalmente do hegelianismo alemão e britânico, os argumentos de Berkeley também desempenharam um papel. Em seu desenvolvimento, uma das tensões recorrentes é a tentativa de definir o lugar de Berkeley na teoria idealista e a necessidade de substituir suas próprias visões por uma forma mais nova de idealismo.

Um prelado inglês, T. Collyns Simon, que havia oferecido um prêmio não muito imaterial de 100 libras “por um único argumento em favor da hipótese vulgar sobre a natureza da matéria”, defendeu o idealismo berkeliano contra o hegelianismo no Journal of Speculative Philosophy americano32 Mas embora os detalhes tenham sido tomados emprestados de Berkeley por idealistas como G. H Howison e Borden Parker Browne, o impacto significativo de Berkeley no idealismo americano foi nas tentativas de superar o que consideravam suas fraquezas e rejeitar a versão do idealismo de Simon em favor de uma forma mais germânica. Em certo sentido, praticamente todos os idealistas americanos concordariam com o credo filosófico de Mary Calkins: “Baseio meu idealismo diretamente na posição fundamental de Berkeley”33 – que o que conhecemos é uma realidade mental, mas eles discordariam de Berkeley quanto ao que constitui uma realidade mental.

Isso fica claro nos comentários do maior idealista americano, Josiah Royce. “O sempre fascinante Bispo Berkeley”, declarou Royce, “forneceu a melhor introdução ao esquema idealista das coisas”, mas era uma introdução que “nenhum outro filósofo aceitaria sem levar as coisas mais longe do que Berkeley as levou”. Berkeley percebeu que nosso conhecimento é todo de ideias. Mas, para Royce, isso é apenas metade da história do idealista. Berkeley não foi além do reconhecimento de que nenhuma substância existe independentemente de alguma mente, para ver tudo como organicamente contido em um Eu Absoluto; “não supomos com Berkeley que a Natureza tem existência apenas em nossa experiência humana, nas leis válidas de sucessão que governam nossas experiências e no propósito de uma Providência que está produzindo diretamente em nós a experiência em questão.” A natureza, assim como toda a vida humana e extra-humana, está relacionada “com todo o organismo do Absoluto”, e é uma espécie de existência real. Há uma natureza interna à Natureza que só podemos compreender de maneira imperfeita, mas que é a pista para sua compreensão como uma característica do Absoluto. E assim, para Royce, Berkeley não conseguiu perceber que há uma estrutura interna para as ideias, os espíritos e a Natureza, que os une a todos junto em um Eu Absoluto, do qual cada elemento é apenas um fragmento.34

Outro idealista, James Creighton, expressou a questão em uma crítica a Berkeley que mostra a semelhança desta tese idealista com a correção de Berkeley por William James. Creighton alegou que Berkeley havia apenas transferido a ordem das coisas para a mente, representando-as como tendo apenas relações externas ou acidentais. O idealismo genuíno tenta penetrar nas ideias para descobrir um conjunto interno de relações, relacionando organicamente todas as partes com o Absoluto, e desta forma encontra um mundo não apenas de ideias, mas de significados.35

Assim, para o idealismo americano do período pós-Guerra Civil, Berkeley não consegue ir longe o suficiente. Ele dá o primeiro passo ao ver tudo como mental, mas não consegue prosseguir até a visão hegeliana do mundo como totalmente compreendido pelo Absoluto, refletido nas ideias que nos são apresentadas, que estão internamente relacionadas à totalidade abrangente. E assim, como também para os pragmatistas, Berkeley abriu o caminho, mas não avançou muito nele, e cabe aos novos pensadores levar sua intuição até seu exato ponto culminante.

Quando os realistas norte-americanos passaram a lutar contra a crescente onda de idealismo, um de seus principais ataques concentrou-se nas doutrinas do Bispo Berkeley, consideradas cruciais para todo idealismo. O ataque de Ralph Barton Perry é provavelmente o mais conhecido. Em sua obra Present Philosophical Tendencies, ele tentou separar as partes válidas da análise de Berkeley, sua rejeição do dualismo de Descartes e Locke, das partes falaciosas, o idealismo de Berkeley, e esclarecer as falácias envolvidas. Perry afirmou que esses erros eram a falácia da “definição pela predicação inicial”, e um argumento baseado na “predicação egocêntrica”.

O primeiro desses erros é a falácia de considerar como propriedade essencial algo que na realidade pode ser acidental. Isso é o que Berkeley fez, de acordo com Perry, quando ele argumentou a partir do fato de que tudo o que conhecemos é uma “ideia”, para esse est percipi. O verdadeiro problema é se “ser percebido”, ou “ser pensado”, é uma propriedade essencial das coisas, ou apenas um acidente de como as conhecemos. E é aqui, insistiu Perry, que o idealismo deve provar o seu caso em vez de assumi-lo.

O segundo erro que Perry descobriu foi que a limitação do nosso conhecimento, a predicação egocêntrica, de que nada pode ser concebido independentemente da consciência, não prova que as coisas não possam existir independentemente de serem conhecidas. A predicação indica que há uma “dificuldade metodológica peculiar” em tentar conhecer o que está fora da consciência. A questão que os idealistas têm que responder e ainda não responderam é: a predicação egocêntrica é algo mais do que uma evidência circunstancial?36

Sem entrar em considerações sobre os méritos das críticas de Perry, que eu, pessoalmente, acredito que cometam as mesmas falácias que afirmam detectar em Berkeley, é importante notar que, para o movimento realista na América, essas críticas se tornaram uma pedra angular na construção de uma resposta não apenas a Berkeley, mas a todos os tipos de idealismo. Se Berkeley puder ser refutado, todos os outros idealistas serão descartados. Nos famosos volumes de The New Realism e Essays in Critical Realism ocorrem os mesmos ou semelhantes ataques a Berkeley como o coração do idealismo.37

E, por fim, o que dizer da influência de Berkeley no pensamento americano do século XX? À medida que os interesses filosóficos americanos se tornaram mais diversificados e mais e mais influências foram trazidas à tona, a posição privilegiada de Berkeley gradualmente desapareceu, e ele se tornou parte do cânone oficial da filosofia que todos os que desejam filosofar devem dominar e digerir. À medida que homens de vários temperamentos estudaram Berkeley, encontraram mensagens diversas e variadas – um caminho para o hegelianismo; um tipo de naturalismo realista do senso comum, etc.38 George Santayana, que relatou que quando estudou Berkeley pela primeira vez na faculdade não achou nada de interessante nele, mais tarde desenvolveu sua teoria das essências a partir da teoria das noções de Berkeley. Foi uma transformação radical, sem dúvida, do idealismo para o materialismo, de uma forma de absolutismo para um tipo de ceticismo. As noções se tornaram os únicos objetos diretos e significativos das sensações e pensamentos do homem, significados pelas percepções fragmentárias, as essências tanto do universo material quanto dos ideais humanos. Segundo Santayana, Berkeley era “demasiado ignorante e precipitado para compreender quão ilusórios seriam todos os ideais espirituais ou poéticos se não expressassem a dependência trágica do homem em relação à natureza e seu desenvolvimento congruente em seu seio”.39 George H. Mead, um dos principais pragmatistas, quando chamado a avaliar a mensagem de Berkeley no aniversário de 200 anos do desembarque de Berkeley na América, constatou que, ao remover o que ele considerava a roupagem do século XVIII da teoria de Berkeley, encontrou um naturalismo abrangente expresso em termos teológicos, uma visão de “que a natureza de nossa experiência é idêntica à natureza do universo, que é responsável por ela”.40 Morris R. Cohen só conseguiu encontrar em Berkeley uma teoria que se baseava em uma “confusão entre um truísmo e um absurdo”.41 John Dewey viu Berkeley como um marco na história da metafísica, na medida em que destruiu a divisão tripla da natureza em mente, ideias e matéria, uma divisão que Dewey acreditava que prejudicava o desenvolvimento da ciência, levantando todo tipo de dificuldades metafísicas. A análise de Berkeley do problema das qualidades primárias e secundárias destruiu esse esquema. No entanto, em vez de chegar à conclusão naturalista de que todas as três classes de entidades podem e devem ser reduzidas a uma única categoria ontológica e que o problema do conhecimento pode ser formulado em termos de uma análise pragmática ou instrumentalista sem levantar os problemas da filosofia do século XVII, Berkeley deixou o problema quase em sua forma original, uma vez que recriou uma versão modificada da ontologia anterior.42

Na era atual, Berkeley é visto como uma espécie de vilão para o pragmatismo e para o naturalismo, uma espécie de herói para o idealismo e um grande herói e grande fracasso para os positivistas contemporâneos. Tendo em vista a dificuldade de determinar qual direção a filosofia americana eventualmente seguirá, está além da minha competência julgar se ela está adentrando em uma era de positivismo como o último refúgio dos sobreviventes do Círculo de Viena, ou se está continuando sua tradição pragmatista, ou se está indo contra ambos em direção a uma era metafísica americana, ou se está fadada a seguir a França e a Alemanha na direção do existencialismo. Mas, qualquer que seja a direção que tome, o ensinamento do bispo Berkeley permanecerá como uma parte vigorosa de seu legado, um lugar para começar, para retornar para estudos mais aprofundados e para explorar novas direções. A influência do primeiro amigo filosófico da América teve seus altos e baixos, desde o culto ao herói até a sua rejeição, desde novas avaliações até novas rejeições. Mas na maturidade filosófica da América, Berkeley encontrou seu lugar como uma das figuras centrais da herança filosófica americana. Uma figura que deve ser relida, reestudada e reconsiderada a cada estágio da evolução intelectual da América. O conselho do discípulo americano de Berkeley, Samuel Johnson, finalmente se tornou uma realidade no pensamento americano. “Ainda que eu não esteja muito ligado a nenhum autor ou sistema, a ponto de excluir quaisquer outros; contudo, quem estiver familiarizado com os escritos do Bispo Berkeley perceberá que sou especialmente grato a esse excelente filósofo por vários pensamentos que aparecem no tratado a seguir. E não posso deixar de recomendar a qualquer um que queira pensar com precisão sobre esses assuntos, que examine todas as obras desse grande e bom senhor… se não for por nenhuma outra razão, pelo menos por esta, que elas o levarão da melhor maneira a pensar de forma rigorosa e a pensar por si mesmo”.43

* Popkin, Richard H. “Berkeley’s Influence on American Philosophy”. Hermathena, No. 82, Homage to George Berkeley (1685-1753): A Commemorative Issue (November 1953), pp. 128-146.

1 Os detalhes da visita de Berkeley aos Estados Unidos e de seus donativos para as várias instituições nas Colônias podem ser encontrados em Benjamin Rand, American Sojourn, de Berkeley (Cambridge, Massachusetts, 1932).

2 Alexis De Tocqueville, Democracy in America, translated by Henry Reeve, Part II, vol. iii (London, 1840), p. I.

3 Sobre as primeiras impressões de Johnson, ver Herbert W. Schneider, ‘The Mind of Samuel Johnson’, in Samuel Johnson, President of King’s College. His Career and Writings, ed. by H. and C. Schneider, 4 vols. (New York, 1929), II, pp. 1-14.

4 O imaterialismo de Edwards aparece em Notes on the Mind, in The Works of President Edwards, ed. por S. E. Dwight, 10 vols. (Nova York, 1829-30), I, Apêndice. Ver especialmente as seções 9, 13, 27, 36 e 40.

5 Samuel Johnson. His Career and Writings, II, p. 263.

6 Ibid., p. 275.

7 Herbert W. Schneider, A History of American Philosophy (New York, 1946), p. 21.

8 Carta de Colden a Johnson, de 19 de novembro de 1746, in Samuel Johnson. His Career and Writings, II, p. 293.

9 Carta de Colden a Johnson, de 26 de março de 1744, in ibid., p. 287.

10 Cadwallader Colden, ‘An Introduction to the Study of Phylosophy Wrote in America for the Use of a Young Gentleman’, in Joseph L. Blau (ed.), American Philosophic Addresses, 1700-1900 (New York, 1946), pp. 297-303.

11 Ver as Cartas de Johnson a Colden in Samuel Johnson. His Career and Writings, II, especialmente pp. 290-2 e 303.

12 Carta de Colden a Johnson, 20 de dezembro de 1752, ibid., p. 300.

13 Esta descrição de Princeton foi oferecida por Frederick Beasley em A Search of Truth in the Science of the Human Mind, Parte I (Philadelphia, 1822), p. ii.

14 Cf. o artigo sobre ‘Smith, Samuel Stanhope’ no Dictionary of American Biography, XVII (London, 1935), p. 344. Uma certa descrição da Guerra contra o berkelianismo em Princeton aparece em I. Woodbridge Riley, American Thought (New York, 1915), pp. 127ss.

15 Cf. John Witherspoon, Lectures on Moral Philosophy, and Eloquence, 3a ed. (Philadelphia, 1810), pp. 18-9; e Samuel Stanhope Smith, The Lectures Corrected and Improved, on the Subjects of Moral and Political, 2 vols. (Trenton, 1812), vol. I, pp. 134-9.

16 Samuel Miller, A Brief Retrospect of the Eighteenth Gentury, 3 vols., (London, 1805), II, pp. 172-7, e 214; e Beasley, op. cit., pp. 203-25. Beasley insistiu que Berkeley, Hume e Reid todos entenderam mal Locke e, portanto, chegaram aos seus resultados absurdos.

17 Francis Bowen, Critical Essays on a few Subjects Connected with the History and Present Conditin of Speculative Philosophy, 2nd ed. (Boston, 1845), pp. 264-309; e James McCosh, Realistic Philosophy (London, 1887), pp. 88-ll3.

18 Cf. Woodbridge Riley, op. cit., pp. 160, 168-70; e Theodore Parker, ‘Transcendentalism ‘, in W. G. Muelder e L. Sears, The Development of American Philosophy (Boston e New York, 1940), pp. 130-9.

19 Cf. Henry James, Sr., ‘Berkeley and his Critics ‘, in Lectures and Miscellanies (Redfield, N.Y., 1852), pp. 333-40.

20 William James, ‘Philosophical Conceptions and Practical Results’, in Collected Essays and Reviews (London, 1920), p. 434.

21 Ibid., p. 434.

22 Carta de Peirce a James, de 23 de Janeiro de 1903, reproduzida em Ralph Barton Perry, The Thought and Character of William James, 2 vols. (Boston, 1936), II, p. 425.

23 Charles S. Peirce, ‘The Works of George Berkeley, D.D.’, North American Review, cxiii (Boston, 1871), pp. 449-72. Outra resenha foi publicada por um membro do Clube Metafísico, Chauncey Wright. Cf. Nation, xiii (New York), pp. 59-60, 355-6 (resenha de Wright da resenha de Peirce), e 386 (uma carta de Peirce).

24 Charles S. Peirce, Collected Papers of Charles Saunders Peirce, ed. by C. Hartshorne and P. Weiss (Cambridge, Mass., 1931-5), vol. V, par. 11.

25 Peirce, ‘Works of Berkeley’, p. 469.

26 Peirce, ‘How to Make our Ideas Clear’, in Muelder and Sears, op. cit., pp. 341-6.

27 Peirce, Collected. Papers, vol. VI, par. 482.

28 Peirce, ‘Works of Berkeley’, pp. 449-72. Ver também Schneider, History of American Philosophy, p. 519; e Philip P. Weiner, Evolution and the Founders of Pragmatism (Cambridge, Mass., 1949), p. 75.

29 Cf. Perry, Thought and Character of William James, I, p. 550; William James, Pragmatism (London, 1907), pp. 89-90, Collected Essays and Reviews, pp. 434-5, e Essays in Radical Empiricism (London, 1912), p. 212.

30 James, Essays in Radical Empiricism, p. 11.

31 Ibid., pp. 42-4, e 76-7, Collected Essays arul Reviews, p. 435, e Perry, op. cit., vol. 1, pp. 543-67.

32 Thomas Collyns Simon, On the Nature and Elements of the External World: Or Universal Immaterialism Fully Explained and Newly Demonstrated, 2nd ed. (London, 1862), p.vi, e ‘Berkeey’s Doctrine of the Nature of Matter’, Journal of Speculative Philosophy, 111 (St. Louis, 1869), pp. 336-44.

33 Mary Whiton Calkins, ‘The Philosophical Credo of an Absolutistic Personalist’, in Contemporary American Philosophy, ed. by G. P. Adams and W. Montague, 2 vols. (New York, 1930), I, p. 205

34 Josiah Royce, The Spirit of Modern Phiilosophy (Boston e New York, 1892), pp. 71, 86-92 e 350-1; e The World and the Individual. 2 vols. (New York, 1913-6), II, pp. 234-7.

35 James E. Creighton, Studies in Speculative Philosophy (New York (1925), pp. 257-61.

36 Ralph B. Perry, Present Philosophical Tendencies (New York, 1912), pp. 122-32.

37 The New Realism, Co-operative Studies in Philosophy de E. B. Holt, W. T. Marvin, W. P. Montague, R. B. Perry, W. B. Pitkin e E. G. Spaulding (New York, 1912), pp. 6-16, e 258; e Essays in Critical Realism, A Co-operative Study of the Problem of Knowledge de D. Drake, A. O. Lovejoy, J. B. Pratt, A. K. Rogers, G. Santayana, R. W. Sellars, and C. A. Strong (London, 1920), p. 7.

38 John Wild, George Berkeley (Cambridge, Mass., 1936); e F. J. E. Woodbridge, ‘Berkeley’s Realism’, in Studies in the History of Ideas, I, ed. by the Department of Philosophy, Columbia University (New York, 1918), pp. 188-215.

39 George Santayana, Reason in Gommon Sense (London, 1905), p. 109, Persona and Places (New York, 1944), p. 242, The Realm of Matter, pp. 168-71, e ‘Apologia Pro Mente Sua’, in The Philosophy of George Santayana, P. A. Schilpp (ed.) (New York, 1951), pp. 534 e 574.

40 George H. Mead, ‘Bishop Berkeley and his Message’, Journal of Philosophy, xxvi (1929), pp. 421-30.

41 Morris R. Cohen, Reason and Nature (London, 1931), pp. 311-3.

42 John Dewey, The Quest for Gertainty (New York, 1929), p. 121, Experience and Nature (Chicago, 1925), pp. 139-40, e Intelligence in the Modern World (New York, 1939), introdução de Joseph Ratner, pp. 34-5 and 44-5.

43 Samuel Johnson, Advertisement to Elementa Philosophica. In Samuel Johnson, His Career and Writings, II, p. 360.

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